sábado, 27 de janeiro de 2007

Sem Título

Perdido no escuro, com lágrimas nos olhos. Acho que nunca estive tão triste.


Tudo que quero, é que esta escuridão, me domine, me abrace. Que ela toma conta do recinto como se fosse líquida e me sufocasse. Quero morrer afogado nesta escuridão.


Que ela entre por meus pulmões e me sufoque até a morte e que ela seja implacável.
Quero sentí-la entrando em meus poros, permeando meu corpo como se fosse uma esponja.


Por isso fechei cada canto do recinto com cortinas, portas e tapumes. Pelas frestas onde a luz me perseguia, entupi de papel e cera. e pelas luzes elétricas cortei os fios.


Quando o dia chegar quero que me mostre as frestas que esqueci. O sol me mostrará as falhas de meu cativeiro. Ao corrigí-las estarei completo.


Quero que este seja meu túmulo, onde enterrarei de uma vez por todas a existência de minhas mentiras e falsidades. Quero jazer com elas meu ser imundo e desmedido. Quero de uma vez por todas acabar com ele, que me redime ao idiota completo.


Quero com ele entregar minha alma ao que há de mais perverso e dizer adeus a esta vida de desgraça e miséria, de palavras duras e sonhos ásperos. Quero deixar bem claro que será a última vez que me vejo deste jeito.


Só então poderei abrir a porta, e deixar o sol entrar, e deixar sair o ser de luz que existe em mim, para junto dos seres ainda divididos da terra.


Só assim serei completo, quando for apenas metade de mim. A parte iluminada pelo espírito, a parte de paixão e fé.


O resto, aqui jaz na escuridão.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Cama Quente

Ao deitar na cama quente, seu corpo estava ali. Primeiramente não notei sua nudez completa. Abracei minha esposa como uma menina solitária, como na primeira vez que lhe abracei.

No movimento, acariciei o seu corpo quente, a procura de aconchego para o sono. Ao me aconchegar em sei peito, descobri a pele nua em meu rosto. O desejo, por surpresa, me dominou por completo. Ela era minha, assim como eu era dela.

Mais rápido do que pude notar, as nossas roupas restantes eram abandonadas para o esquecimento, em algum canto do quarto. Eu sorria no escuro, imaginando e fazendo tudo o que tinha vontade. Puxei para mim seu corpo, até então ao meu lado, e ela respondeu de imediato.

Ao sentir suas pernas abertas sobre mim, quase desejei parar o tempo, fotografar na memória o que sentia. O nosso encaixe perfeito, que só o tempo certo de união, o tempo certo de cumplicidade pode proporcionar. Senti suas coxas me apertando, me prendendo logo abaixo do seu corpo.

O mundo todo era compreendido no exato espaço que havia entre nos dois. Nossas mãos faziam o possível para afagar e satisfazer um ao outro. A força em suas coxas, os músculos retesados, na intenção única e no mais puro esforço de manter o movimento do lindo ato. A respiração que ofega em busca de oxigênio, em busca de fôlego para continuarmos ali.

O movimento cada vez mais rápido e satisfeito do prazer. Meus braços auxiliavam o seu esforço, e os pés já em planta sobre o colchão, aceleravam nosso final. Nossas vozes já não cabiam mais em nossos pulmões, e o barulho que fazíamos já não era disfarçável. Éramos um só, e ocupávamos menos espaço do que podíamos ali. Era perfeito o nosso amor, em um momento rápido, de passagem veloz.

O carinho como descanso, e a respiração se normaliza. Um sorriso e uma risada. Umas palavras e o sono profundo.

Como é bom estar contigo assim.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

As portas da percepção

Leio constantemente e a cada nova descoberta, me vicio em determinado tipo de narrativa ou estrutura de texto. Acontece muito pela facilidade de compreensão, ou talvez não, mas com certeza por compreender exatamente o que o autor disse, fazendo daquela minha realidade momentânea. Eu consigo me concentrar e introjetar ao máximo a idéia, fazendo da concepção a MINHA concepção.


Foi o que aconteceu ao ler Admirável Mundo Novo (Brave New World) do não menos admirável Aldous Huxley. Comecei a pesquisar sua obra e achei As Portas da Percepção, livro que relata as experiências de Huxley com as drogas, mais especificamente a mescalina. Reza a lenda ainda que tal livro e filosofia inspiraram o nome da banda The Doors (em tupiniquim “As Portas”) e a filosofia do próprio Morrison, que era vocalista, xamã, poeta, sexy symbol e líder da banda.

Abaixo, uma passagem que me surpreendeu no texto de Huxley.

"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite."

"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito."

E suas experiências ele chega a conclusão de que somos potencialmente Oniscientes, mas que nosso cérebro filtra todas as informações desnecessárias para que não sejamos sufocados por tal enxurrada de idéias.

Fui obrigado a concordar com ele.

Quando eu tomo um trago, principalmente na companhia de outras pessoas, eu me sinto muito mais experto e inteligente durante um certo período tempo. Sou capaz de me lembrar de coisas que ninguém mais lembra e de ligar assuntos dos mais variados, tirando conclusões incríveis.

Acho que vou tomar mais porres.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

De cara nova

Belo dia de chuva em Porto Alegre para começar tudo de novo.

Para começar 2007 em grande estilo, o meu blog merecia ganhar um espaço maior e mais digno. Seguindo os conselhos de alguns amigos, mais entendidos que eu nos assuntos internéticos, e ouvindo a opinião de outros, mais letrados e versados nas teorias da lingua, resolvi que era hora de tomar vergonha na cara e de dar maior importância ao meu blog. Tratar de vestir ele direitinho, de dar um banho e fazer a barba. Aparar as arestas mais horripilantes e deixá-lo bem cheirosinho neste novo ano.

Seguindo seus conselhos (que se fosse bom, não se dava, blablabla) eu resolvi começar pelo Blogger, que tem uma parceria com o google e que eu já tenho conta. Fácil de criar este espaço aqui, bem pratico.

Entretanto, me faltava o mais importante, que era inspiração. De onde ia tirar o meu primeiro post? A resposta dessa questão veio rápido em um FODA-SE. Escrevo quando, o que e onde eu quiser. Forçar isso é anti-blog, anti-inspiração e anti-tesão. Portanto, contente-se com este primeiro post e com os antigos em http://pywa.spaces.live.com. Caso não me conheçam ainda, podem visitar este espaço antigo que está cheio de elocubrações interessantes. E tenho dito.

Só mais uma coisa. Comentários mal educados e sem proposição com nenhum assunto que me interesse serão deletados. Sem piedade. (nem sei ainda como se faz isso, mas voudescobrir).

Boas entradas (e saídas) em 2007 à todos.